quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Respostas

Em que cova ficou sepultado o meu sonho revolucionário?
Em que país ficou escondida a esperança dos humilhados?
Em que deserto ficou esquecida a fome do miserável?
Em que cela ficou presa a liberdade dos namorados?
Por que deixei de ter falado?
Por que perdi a fé em mim?
Agora é cada um por si.
E eu bebo coca-cola.
Calado.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

CALAbOUÇO

Os lábios entreabertos
em uníssono movimento.
o chão frio da masmorra
de um castelo insalubre.
Deslizam as mãos nos corpos
Nus em crescendo.
O olhar em adágio
jamais visto alhures.

Remata a lei do pecado
com um arguto sangrento.
Num vaivém em alegro
O véu dessacralizado.
O êxtase da diminuta morte
o grito ofegante, lento.
Dois amantes num calabouço
Tão audível e tão calado.

Ao lúgubre esconderijo dos amores insólitos.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Omodinia

A vida no escuro é um vale
mísera dignidade que a invalida.
A verdade é sempre velada
e a esperança é um enterro.

Não falo de coisa proibida.
Falo do secreto desejo.
Armários não são urnas funerárias.
Tampouco o homem é só um termo.

Lágrimas nos meus ombros.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Sexta 13

Essas bruxas de outrora
não me deixam dormir
Tenho medo do agora
E quando nasce o dia
ao lampejo da aurora,
o terror do porvir.

Nessa vil escritura,
Cavaleiro noturno,
a esperança impura,
ainda mais do que nunca,
de libertar o mundo
dessa pífia loucura.

Nesse presente em que me encontro: sortilégios em poucos versos.

domingo, 8 de março de 2009

Nos reinos da palavra


Penetra loucamente
no reino das estruturas.

Loucamente penetra
nas estruturas do reino.

Reinos loucamente
penetram na estrutura.

Estrutura que penetra
nos reinos da loucura.

Estruturalmente penetras
esses loucos do reino.

Penetra loucamente
no reino das sepulturas.

sábado, 7 de março de 2009

Acepção em Ele


Lua: nome singular
Penumbra feminina
substantivada.

Nova inspiração
para amores nascentes.
Inatingível satélite
de nações prepotentes...
Eterno eclipse
para os que cheios de determinismo inconsequente
não enxergam com o coração
e minguam.

Genésia


Evadida pela divindade evidente
Trazes consigo as marcas da vil evolução
Es erva do Édem levada pela serpente
Mortal és, e inconsequente
Tiraste da árvore da vida
a revelação do inconsciente
Persuadida, mas persistente
Não es senão mãe de todos
Evocada em versos vendidos
Desafiaste o onipotente
Só porque provaste do fruto evalve
Para tornar sua prole inteligente
Mas foste ao paraíso
sem evangelho intermitente
Teus versos nunca evaporam,
pois és Progenitora da humanidade

Perfídia Perfenazina


Não se vai a Roma sem palavras,
Pois ainda que do mundo eu tivesse toda a água
diluída em um copo de tempestade
mover-se-iam moínhos duma cidade
edificada como impérfida vila cristã
Gozando tão somente as metades da maçã
pois nem só de pão vive uma sociedade...

Foi para isso que enfrentei o Gigante e sacrifiquei os átrios do senhor?

De marfim é a urna...


De marfim é a urna,
que incrustada de crisântemos
Espera um soluço derradeiro
de quem com alma soturna
pereceu
numa cidade de ermos.

Tão curto...
o espaço entre o efêmero e o eterno.
 
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